HPhil Seminar: October 9, 2025
The HPhil (History of Philosophy) Research Group of the Centre of Philosophy of the University of Lisbon announces the 2025/26 edition of its permanent seminar on the history of philosophy, devoted to the presentation of conferences by renowned specialists while also creating opportunities to emerging scholars, aiming to promote advanced studies in groundbreaking debates and the permanent training of its academic community.
In this session of the seminar, Rui Filipe (CFUL) will present a work of his, entitled “A Essência do Trabalho Alienado – O Lugar dos Manuscritos de 44”. (abstract below)
The session will take place on October 9, 2025 at 5 p.m., in the Room 201.J (Room Mattos Romão, Department of Philosophy). Admission is free
Abstract
Os Manuscritos de 44, também conhecidos como Económico-Filosóficos, é um dos textos de Marx que dá mais azo a discussão. E dá-o, pois, disputa-se precisamente o lugar ocupado por estes Manuscritos na obra de Marx. Para mais, na discussão em causa também acresce o facto de que a sua edição deu-se cerca de 100 anos após a sua escrita, em 1932, o que levou a que muitos leitores deste autor nunca tivessem contacto directo com os seus conteúdos. Nestes, com a figura de Feuerbach enquanto padroeiro, seja para considerar os Manuscritos como o último momento filosófico e humanista de um Marx que seguiu outros rumos, ou para os ver como o manifesto filosófico-humanista que preside encobertamente a todas os seus textos de maturidade, vê-se o debate a girar sobre estes dois vectores – o da filosofia e do humanismo. Assim, havendo um consenso quanto ao conteúdo de ambos, e da sua íntima relação, a discussão centra-se na extensão da sua influência nas obras de Marx após este período. Inserindo-me neste debate, irei revistar o texto em causa com vista a defender que, contrariamente ao habitualmente mantido, a posição de Marx aqui nem nasce apenas da sua formação filosófica em geral, nem das suas leituras de Feuerbach em particular. Não descurando o importante papel destas, procurarei sublinhar como o humanismo de Marx neste período já não pode ser desligado de uma compreensão dos fenómenos económicos que ele começava a estudar com seriedade. Para esse fim, sublinhando a natureza crua dos Manuscritos enquanto obra incompleta, terei em conta outros textos de Marx escritos no mesmo período, designada e especialmente, os comentários redigidos sobre os Elementos da Economia Política de James Mill. Cotejando os dois textos, ver-se-á que a compreensão daquilo que Marx chama de essência humana já se mostra indissociável das mediações sociais estabelecidas concretamente para se responder às nossas carências naturais. Nesse registo, procurarei mostrar que a célebre categoria de trabalho alienado presente neste texto encontra-se indissocialvelmente ligada a um contexto onde essas mediações sedimentam-se na troca. Assim, em última instância defenderei que, mesmo afirmando-se num horizonte humanista, a determinação fundamental deste tipo de trabalho não se encontra naquilo que seria a incapacidade de concretizar uma essência humana genericamente igual em todos os humanos. Posição que, por sua vez, pode dar uma resposta alternativa quanto ao elusivo lugar dos Manuscritos em Marx.


