Seminar Series in Analytic Philosophy 2002-03
Session 11 16 June 2003
Teresa Marques (Centro de Filosofia, Doutoranda na Universidade de Stirling, Escócia)
Verdadeiro, falso, ou nenhum dos dois? Travis contra Williamson sobre falhas de valores de verdade
“Podemos dizer o que não é verdadeiro nem falso, mas poderia ter sido, se o mundo de que falamos fosse diferente?” Charles Travis faz esta pergunta e responde afirmativamente. A resposta resulta do que Travis chama ‘isostheneia natural’: qualquer afirmação (statement) que façamos pode não ser avaliável como verdadeira ou falsa se não houver nada na situação em que a afirmação é feita, nem naquilo de que a afirmação fala, que permita decidir qual dos valores de verdade lhe deve ser atribuído. Esta posição resulta em parte de duas ideias: i) que o significado de uma frase subdetermina as suas condições de verdade e o que é dito; e ii) que não existem proposições, que ele chama ‘sombras’, concebidas como representações estruturadas (não interpretáveis), com condições de verdade determinadas. Travis argumenta assim a favor da sensibilidade-a-ocasiões (uma versão de dependência do contexto): qualquer afirmação que façamos pode ser entendida ou compreendida de (infinitas) maneiras diferentes, fazendo com que o seu valor de verdade varie consoante a forma como é entendida. Nada na afirmação por si mesma decide qual a forma correcta de entendê-la e, portanto, a afirmação não tem condições de verdade.
Existe, contudo, um poderoso argumento proposto por Williamson contra a suposição de que uma elocução possa dizer que algo é o caso e não ser verdadeira ou falsa. O argumento mostra, a partir de poucos pressupostos, que tal suposição gera contradições. Se uma elocução e diz que P, então podemos fazer inferências a partir do que é dito. Os pressupostos principais do argumento são os esquemas (T) e (F): (T) se e diz que P, então e é verdadeira se, e só se, P; (F) se e diz que P, então e é falsa se, e só se, não P. A consequência do argumento é a de que o preço a pagar por tratar uma afirmação como nem verdadeira nem falsa é encará-la como não dizendo que algo é o caso.
Travis poderia desarmar o argumento de Williamson e manter a ideia de que nenhuma contradição se segue de negar que uma afirmação é verdadeira ou falsa rejeitando os esquemas (T) e (F). Outra razão pela qual, alegadamente, o argumento de Williamson é inaplicável é que uma afirmação que não seja verdadeira ou falsa não identifica quaisquer condições do mundo das quais falar e portanto não exprime qualquer pensamento. Travis permite-se fazer esta manobra pois distingue entre o conteúdo de pensamentos e afirmações. Assim, Travis rejeita também que uma afirmação, por si mesma, possa exemplificar esquemas de inferência.
As minhas intuições favorecem Williamson. Tentarei mostrar que conceder que o significado subdetermina o que é dito e condições de verdade não implica que quando algo é dito não existam condições de verdade determinadas. A minha estratégia será, assim, conceder a Travis o ponto i), mas debater ii). O meu argumento basear-se-á no ataque de Frege à ideia de que a verdade consiste na correspondência entre uma representação e algo distinto da representação. Traçarei um paralelo entre os problemas levantados por Frege relativamente à ideia de verdade como correspondência e os argumentos de Travis a favor da sensibilidade-a-ocasiões e da isostheneia natural. Se aquilo que é dito numa elocução não for concebido como mais uma representação interpretável, então a posição de Travis é enfraquecida. Assim, os argumentos de Travis a favor de falhas de valores de verdade podem ser simplesmente encarados como argumentos a favor da ideia de que nada é dito numa elocução que não seja verdadeira nem falsa. O facto de não se poder fazer inferências, nem expressar pensamentos ou crenças, quando uma elocução não é verdadeira nem falsa, sugere que tal elocução não diz que algo seja o caso, e portanto não é um putativo portador de valores de verdade.
Session 10 12 May 2003
Josep Corbi (Universidade de Valência)
The Loss of the Confidence in the World: The Victim, The Torturer, and the Third Person
“¿Lugar deshabitado o es que lo estábamos nosotros?” (César Simón, Extravío, Madrid, Hiperión, 1991). In talking about the victims of torture in a philosophy conference, one persistent concern is to find out the right tone of voice, to talk in such a way that abstract issues could be raised without being frivolous, without hiding the harm experienced by the victim but, on the contrary, as a part of a response to that damage. Bearing this concern in mind, I will reflect on certain issues explored by Jean Améry in his effort to elaborate his experience as a Jew who survived Nazi prisons and extermination camps. In this respect, Améry points out that a central aspect the harm experienced by the victim of torture, a damage that comes with the first blow, is the loss of the confidence in the world (Jean Améry, At the Mind’s Limits: Contemplations by a Survivor on Auschwitz and its Realities, Granta Books, 1999). He is convinced that the concept of dignity can hardly help to apprehend the psychological impact of the first blow; instead, he regards the failure of some expectations as crucial to understand the victim’s experience. A person does not expect his skin to be touched unless he wanted to. He trusts his neighbours to such an extent, but, suddenly, the victim’s body is intentionally hurt by another human being. And, as a result, his initial expectations, the expectations in the light of which he stood in the world, are somewhat undermined.
The third person may feel tempted to represent himself as a mere spectator of the harm caused to the victim. Yet, this temptation goes against a second component of our confidence in the world. We not only expect that nobody will touch our skin if we do not want to, we also expect that, if this primary expectation failed, if someone hurt me (or I were in a state of need), then someone else will help and protect me. If we are injured in a traffic accident, we expect someone to call for an ambulance and the ambulance to speedily come and provide medial aid. Even under war conditions, the Red Cross is supposed to be allowed to rescue the wounded and bring them to hospital. It seems then that a response on the side the third person is constitutive of the expectations that the victim (or the needy) have when they confide in the world, when they regard the world as a place where they can dwell in. It is clear, then, that the victim does not look upon the third person as a mere spectator, but as someone from whom he expects a certain response. Only if such a response takes place, can the victim retain his confidence in the world despite the fact that his primary expectations have failed, that his body has been hurt by another human being.
This suggests that the third person cannot consistently conceive of herself as a mere spectator and still confide in the world. For the sheer fact that she represents her position with regard to harm as that of a spectator, entails that the conditions for trusting the world are undermined. There are, however, deep motivations that impel the third person to distance herself from the victim and support the way the torturer legitimizes his action, so that, in order to produce the kind of response that the victim (and everyone who confides in the world) expects, the third person must overcome a significant number of obstacles. The existence and weight of such obstacles makes it quite difficult to satisfy the conditions under which the victim could restore his confidence in the world.
In this paper, I will firstly seek to clarify the sort of expectation that constitute our confidence in the world and, secondly, describe the process by which the victim of serious harm gets deprived of such a confidence as well the specific conditions under which his confidence might be restored. More specifically, I will present certain facts that show why the expectations that are constitutive of our confidence in the world cannot be reasonably satisfied, whereby a person who knows those facts cannot coherently retain his confidence in the world. Yet, we will see that knowledge of those facts, even the vivid knowledge that the victim has, does not suffice to undermine our confidence. For only those victims whose harm has not been duly attended, are unable to confide in the world. The victim whose actual harm has been appropriately acknowledged and attended, feels reconciled with the world and his confidence is restored, even if he knows that the fact that justice has been done in his particular case is just accidental, that he has no reason to expect such thing in a future case. This brings to light why his confidence in the world rests on an illusion, namely, on an illegitimate transition from the fact that my actual harm has been actually repaired to the conclusion that any harm that I may actually suffer will be repaired. A similar illusion explains why the third person, despite knowing that he has no reason to trust the world, does not abandon his confidence in it. Insofar as the third person has not yet been injured and, therefore, he has not yet experienced in his particular case the frustration of the expectations that shape our confidence in the world, he is not only able to trust the world, but somewhat cannot help trusting it. Such is the strength of the illusion under whose spell the unredeemed victim cannot fall. This will reveal a most distressing sense in which such a victim is exiled from the human world: he can no longer share the illusion under which the third person (and the torturer) lives and, therefore, he feels alone in the world with some most distressing truths, namely, he is the only one who cannot but shape his life in the light of the fact that certain expectations that gives us a sense of protection, are untenable.
Session 9 5 May 2003
Wlodeck Rabinowitz (Professor of Practical Philosophy, University of Lund, Sweden)
Democracy and Argument. Tracking Truth in Complex Social Decisions.
A committee has to address a complex question, the answer to which requires answering several subquestions. Two different voting procedures can be used. On one procedure, the committee members vote on each sub-question and the voting results then are used as premises for the committee’s conclusion on the main issue. This premise-based procedure (pbp) can be contrasted with the conclusion-based procedure (cbp). On that procedure, the members directly vote on the conclusion, with the vote of each member being guided by her views on the relevant sub-questions. These procedures are by no means equivalent, which has been pointed out in legal theory in connection with jury votes (cf. Kornhauser and Sager 1986, 1993, Kornhauser 1992a, 1992b, and Chapman 1998a, 1998b). There may be a majority of voters supporting each premise, but if these majorities do not significantly overlap, there will be a majority against the conclusion.Pettit (2001) connects the choice between the two procedures with general political theory, in particular, with the discussion of deliberative democracy. However, the problem we want to examine concerns the relative advantages and disadvantages of the two procedures from the epistemic point of view. In some cases one can assume that the question before the committee has the right answer. In cases like this, is one of the two procedures better when it comes to tracking the truth? As it turns out, the answer to this query is not univocal. On the basis of Condorcet’s jury theorem, we show that the premise-based procedure is clearly superior if the objective is reach truth for the right reasons, i.e. without making any mistakes on the way. However, if the goal instead is to reach truth for whatever reasons, right or wrong, there will be cases in which using the conclusion-based procedure turns out to be more reliable, even though, for the most part, the premise-based procedure will retain its superiority. Our results partly confirm and partly disconfirm the tentative con jectures that have been put forward in Pettit and Rabinowicz (2001).
Session 8 28 April 2003
Adriana Silva Graça (Universidade de Lisboa e Centro de Filosofia)
Critérios de Identificação do Conteúdo
O objectivo deste ensaio é o de separar e isolar o que identifica o conteúdo daquilo que é dito, em usos de frases nas quais ocorrem termos indexicais, nomes próprios e descrições definidas, distinguindo-o dos mecanismos de fixação da referência, i.e., daqueles mecanismos por meio dos quais se pode dizer acerca de que objecto se está a falar, por um lado, e distinguindo-o da informação que pode ser veiculada pelos usos destes tipos de frases em diferentes contextos, por outro. Isto quer dizer que se tenta neste ensaio determinar critérios de identificação do conteúdo, obtendo-se assim uma caracterização do que pode ser considerado como pertencendo à província da semântica em sentido estrito (que trata tipicamente do problema do conteúdo). Caso esta caracterização seja possível, ela também pode dar origem à distinção entre aquilo que pertence à província da semântica de pleno direito – de jure – por oposição àquilo a que a ela pertence simplesmente de facto.
Session 7 3 March 2003
Michael Devitt (Distinguished Professor, City University of New York)
A Shocking Idea about Meaning
The paper starts with a Putnamian argument for: EXTERNALISM Some words, including names and natural kind words, refer in virtue of causal relations that are partly external to the head (and hence these words are to be explained by a theory that is not a description theory). The concern is primarily with the parts of thoughts: mental “words”. This thesis is then combined with a Fregean thesis, MEANINGS AS MODES The meaning of a word is its property of referring to something in a certain way, its mode of reference, to yield THE SHOCKING IDEA The meanings of some words, including names and natural kind words, are causal modes of referring that are partly external to the head. Why believe MEANINGS AS MODES? 1. Meanings are suppose to explain behavior; 2. The folk and social scientists ascribe modes of reference for that purpose; 3. These ascriptions are mostly successful; 4. So, probably, modes of reference are meanings.Why is THE SHOCKING IDEA shocking? It clashes with “four dogmas of semantics”, at least one of which is held by almost every semanticist: The Direct-Reference Dogma The meaning of a nondescriptive word, particularly a name, is simply its property of referring to whatever. The Cartesian Dogma For a speaker to be able to use an expression with a certain meaning, or think a thought with a certain meaning, is for her to (tacitly) know that it has that meaning. She does not have to perform the usual empirical investigation. The Narrow Dogma Narrow meanings are required for the scientifically proper explanations of behavior. The Rich Dogma Only a cognitively rich and fine-grained meaning could explain behavior. The paper discusses each of these dogmas in turn, bringing out its clash with THE SHOCKING IDEA and arguing against the dogma.
Session 6 28 February 2003
Michael Devitt (Distinguished Professor, City University of New York)
The Case for Referential Descriptions
The case that definite and indefinite descriptions have referential meanings (RD) has been greatly underestimated. Arguments I to VI concern definites, I to IV, and VI concern indefinites. I: The Gricean response is that examples alleged to support RD are of referential uses but not meanings. This response overlooks that we regularly use descriptions referentially, and do so without any special stage setting. This suggests that there is a convention of so using descriptions. If there is, then the convention is surely semantic. II turns the tables on Kripke. Stipulate a language, `Donnellan English’, in which there is a convention of using definites referentially; similarly, `Chastain English’ and indefinites. These languages would not appear any different from English. III: In their referential uses descriptions have a role just like complex demonstratives and similarly depend for their reference and meaning on a perceptual causal link to an object. These three related arguments are the crux of the case for RD. They have not yet been addressed by critics. IV: Salmon has argued that were a description referential it would be rigid and yet no description is. The paper agrees but argues that referentially used descriptions are `weakly rigid’ and hence not attributive. However, this argument is open to a Gricean response. V: RD can explain the apparent truth of utterances involving `incomplete’ definites, the Russellian view cannot.The `explicit approach’ has failed to provide a principled basis for selecting the completing description. Neither it nor the `implicit approach’ survive `ignorance and error’ objections. VI: The `exportation’ of any singular term, including a description, from an opaque to a transparent attitude ascription is `implicative’ provided that the term is referential (and nonempty).
Session 5 17 February 2003
Célia Teixeira (Doutoranda no King’s College)
O Conhecimento da Lógica e o Projecto Empirista
A Teoria da Definição Implícita constitui a versão contemporânea de revitalização do projecto empirista de explicar o conhecimento a priori, em geral, e o conhecimento da lógica, em particular, reduzindo-o ao mero conhecimento linguístico. O meu objectivo é mostrar a inevitabilidade das justificações racionalistas na explicação do nosso conhecimento da lógica. Para tal, irei apresentar três objecções à teoria da definição implícita, as quais são igualmente aplicáveis à velha teoria convencionalista. A primeira objecção é contra as estipulações como forma de explicar o nosso conhecimento da lógica. As restantes duas objecções são da autoria de Quine que as usou para refutar a velha teoria empirista: o convencionalismo. Proponho-me mostrar de que modo os argumentos de Quine podem ser reformulados e aplicados à nova teoria empirista. Irei defender que destas três objecções podemos extrair a mesma conclusão: a inevitabilidade das justificações racionalistas para o problema do conhecimento da lógica.
Session 4 20 January 2003
Ricardo Santos (Instituto de Filosofia da Linguagem da Universidade Nova de Lisboa)
O Problema do Significado na Teoria da Verdade de Tarski
É analisada a relação entre os conceitos de verdade e de significado, tal como ela se manifesta na teoria de Tarski. Na primeira parte, é considerada a sugestão feita por Davidson de que deveríamos considerar a verdade como um conceito primitivo, a qual parece estar em forte conflito com a pretensão que Tarski tinha de ter conseguido defini-lo em linguagens sem quaisquer termos semânticos primitivos. Na segunda parte, mostramos como foi precisamente o ‘problema do significado’ que impediu Tarski de realizar o seu objectivo de um modo filosoficamente satisfatório
Session 3 16 December 2002
Pedro Santos (Universidade do Algarve e Centro de Filosofia)
Condicionais: 3 Maus Argumentos a favor da Teoria Apartheid
Nesta comunicação serão discutidos três argumentos habitualmente tidos como poderosos a favor da tese de que as condicionais contrafactuais têm condições de verdade essencialmente diferentes das outras condicionais (o argumento Kennedy, o argumento da não contradição condicional e o argumento do silogismo hipotético). O objectivo principal será mostrar que eles podem ser desactivados, desenvolvendo sugestões iluminantes de R.Fogelin e J. Lowe. Esta desactivação está, por sua vez, comprometida com o ponto de vista heterodoxo de que os conteúdos semânticos do conector “se (/então)”, da antecedente e da consequente são, em geral, conjuntamente insuficientes para identificar a proposição literalmente expressa pela elocução de uma condicional (contrafactual ou não). Se isto for verdade, então as condicionais serão mais um exemplo do tipo de construções que vindicam a doutrina habitualmente denominada de “Pragmática das Condições de Verdade”, defendida, entre outros, por F. Recanati, na esteira de Sperber e Wilson. Da razoabilidade de tal doutrina depende argumentavelmente a razoabilidade da análise das condicionais descrita acima, de modo que a comunicação terminará com algumas observações em favor da PCV e contra as esperadas objecções griceanas.
Session 2 11 November 2002
Desidério Murcho (Centro de Filosofia, Doutorando no King´s College)
Possibilidade Relativa: Três Concepções
Segundo a concepção de Bob Hale e Ian McFetridge, um dado domínio de possibilidades é relativo se, e só se, há outros domínios de possibilidades que o incluem mas que são mais vastos. Outra concepção de possibilidade relativa assevera que um dado domínio de possibilidades é relativo se, e só se, do facto de uma proposição desse domínio ser possível não se infere que essa proposição é possível sem qualificações, isto é, não se infere que há um mundo possível no qual essa proposição seja verdadeira. A semântica dos mundos possíveis oferece ainda uma terceira concepção de possibilidade relativa, dada pela relação de acessibilidade entre mundos possíveis. O objectivo desta comunicação é comparar as duas primeiras concepções e mostrar que nenhuma delas pode ser reduzida à terceira. Este facto, por sua vez, é instrutivo e nesta comunicação procura-se mostrar porquê.
Session 1 28 October 2002
João Branquinho (Universidade de Lisboa e Centro de Filosofia)
Contra o Materialismo
São reavaliados os argumentos de Saul Kripke contra o materialismo acerca do mental em função de um conjunto de críticas influentes recentemente erguidas contra eles (Chalmers, Nagel, Almog, Jackson, etc.). Conclui-se, condicionalmente, que se os argumentos kripkeanos contra o materialismo tipo-tipo forem correctos, então não há qualquer razão para não considerar os argumentos correspondentes contra o materialismo especimen-especimen como sendo igualmente correctos. Moral: se quisermos subscrever as intuições cartesianas de Kripke, então aquilo que devemos fazer é rejeitar o materialismo em bloco.