HPhil Seminar: November 7, 2024
The HPhil (History of Philosophy) Research Group of the Centre of Philosophy of the University of Lisbon announces the 2024/25 edition of its permanent seminar on the history of philosophy, devoted to the presentation of conferences by renowned specialists while also creating opportunities to emerging scholars, aiming to promote advanced studies in groundbreaking debates and the permanent training of its academic community.
In this session of the seminar, Marisa Brogueira (CFUL) will present a paper, entitled “A mentira enquanto problema ético em Agostinho de Hipona”, (abstract below)
The session will take place on November 7, 2024 at 5 p.m., in the Room C201.J (Room Mattos Romão, Department of Philosophy). Admission is free.
Abstract
Nesta apresentação, investigo a dimensão descritiva e normativa do problema da mentira em Agostinho de Hipona. Procuraremos descrever o fenómeno da mentira, relacionando-o com a falsidade, por um lado, e com a intenção de enganar, por outro. Procuraremos ainda contrapor o mentiroso ao enganado, como aquele que acredita na falsidade.
Os casos do mentiroso e do enganado serão avaliados do ponto de vista da ética. Com efeito, a verdade é central na mundividência cristã, o que, em última instância, conduzirá Agostinho a condenar a mentira em absoluto. Na verdade, mesmo quando a mentira parece alinhar-se com uma boa vontade, tal intenção agride o valor absoluto da verdade e da justiça divina. Neste ponto, apresentarei casos problemáticos relativos à mentira em De mendacio e contra mendacio: episódios que nos colocam na situação de mentir para proteger a própria vida, ou para salvaguardar a de outrem. Agostinho de Hipona defendeu que mentir pelo pecador significa compactuar com o seu mal, sendo o mal agravado em caso de perjúrio. O hiponense, contra muitos dos seus contemporâneos, criticou os Cristãos que habitualmente mentiam aos priscilianistas, a fim de os enganar para que se tornassem cristãos. Nunca a mentira deverá ser um instrumento da verdade divina.
A mentira desnorteia a mente e o agir do ser humano, afasta-o do bem e aproxima-o do mal. Por outro lado, o enganado, embora queira ser justo, até que compreenda e aceite os factos ou a verdade do foro religioso, é-lhe impossível sê-lo. A desordem mental, tendo origem na ignorância, afeta o seu discurso e comportamento.