Oficina de discussão em teoria crítica “Foucault e a História” – 6 dezembro
Oficina de discussão em teoria crítica “Foucault e a História”
6 de Dezembro de 2018, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sala B2
Organização: Paulo Alexandre Lima (CFUL) e Bruno Peixe Dias (CFUL)
Projecto “Experimentação e Dissidência”
(Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa)
Mais do que um exemplo de interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade, conceitos que pressupõem a estabilidade identitária das disciplinas académicas assim postas em relação, o trabalho de Michel Foucault constituiu, desde os seus começos, um desafio às próprias categorizações disciplinares enraizadas nas instituições académicas das humanidades. As teses acerca dos mecanismos históricos de controlo e encarceramento avançadas em Folie et Déraison, publicado em 1961, foram amplamente lidas e discutidas no campo historiográfico, tal como as teses sobre a relação entre a racionalidade ocidental e os seus “outros” o foram no campo filosófico. A recepção do trabalho de Foucault na história e na filosofia foi, de resto, uma constante da sua carreira, bem como a proximidade e colaboração com historiadoras e historiadores como Michelle Perrot, Arlete Farge e Paul Veyne.
A aproximação entre história e filosofia no trabalho de Foucault faz-se, no entanto, fora do quadro tradicionalmente designado como “filosofia da história”, i.e., de um discurso conceptual que toma o processo histórico como unidade dotada de sentido e direcção, rompendo deliberadamente com as concepções unitárias e totalizantes da história herdadas de alguma tradição hegeliana e marxista. Nesse sentido, o desafio foucaultiano não se faz sentir apenas ao nível das teorias e dos conceitos, mas ao nível da própria prática teórica e dos recursos arquivísticos e documentais mobilizados, no quadro dos quais a história das ideias é um desses recursos, mas não necessariamente o único ou o principal.
Propomo-nos, neste encontro, reunir praticantes do campo da filosofia e da história, com o propósito imediato de questionar a história como conceito e como prática no trabalho de Foucault. Teremos, por isso, ocasião de discutir a ontologia historicamente determinada de Foucault na sua relação com o pensamento histórico de outros autores, mas também nos encontros com os terrenos empíricos eleitos pelo autor.
Programa
Sessão da manhã
10.00-10.15 – Apresentação
10.15-10.55 – José Neves, Universidade Nova de Lisboa, Instituto de História Contemporânea, “A anunciar”
11.00-11.40 – Elisa Lopes da Silva, Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, “A anunciar”
11.40-11.55 – Coffee Break
11.55-12.35 – Ricardo Noronha, Universidade Nova de Lisboa, Instituto de História Contemporânea, “Vigiar e produzir: Michel Foucault e a economia política da repressão”
12.40-13.20 – Paulo Alexandre Lima, Universidade de Lisboa, CFUL, “O último Foucault e os nomes da história”
13.20-15.00 – Lunch
Sessão da tarde
15.00-15.40 – Marita Rainsborough, Universidade de Hamburgo, “Da utopia à heterotopia. Concepção filosófica da história de Foucault como resposta a Kant e Hegel”
15.45-16.25 – Marta Faustino, Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Filosofia da Nova, “Nietzsche, Foucault e a ‘verdadeira história’ como ‘ciência curativa’”
16.25-16.40 – Coffee Break
16.40-17.20 – Gianfranco Ferraro, Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Filosofia da Nova, “Ontologia histórica e cuidado de si: viragens e continuidades do último Foucault”
17.25-18.05 – António Baião, Universidade do Minho/Universidade de Navarra, “Arqueologia dos silêncios”